O senador Flávio Bolsonaro deixou de operar nas margens da disputa e passou a ocupar o centro do tabuleiro eleitoral de 2026. Dados do Paraná Pesquisas, coletados entre 18 e 22 de dezembro, mostram que, após ser confirmado como o candidato do bolsonarismo à Presidência, o parlamentar registrou crescimento expressivo e reposicionou o cenário nacional.

No primeiro turno, Flávio aparece com 27,8% das intenções de voto, contra 37,6% do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Embora o chefe do Executivo mantenha a liderança, a diferença caiu para menos de dez pontos percentuais, um recuo significativo em comparação com os meses anteriores.

Em outubro, quando ainda não era tratado como o nome oficial do campo conservador, o senador tinha 19,2%. Em novembro, o quadro permanecia praticamente estagnado, com 19,7%. A inflexão ocorreu no início de dezembro, logo após a confirmação pública feita por Jair Bolsonaro no dia 5 e reforçada com a divulgação de uma carta natalina indicando o filho como pré-candidato.

Desde então, Flávio ganhou quase oito pontos percentuais em menos de um mês, um crescimento considerado raro para pesquisas nacionais de grande amostragem. Analistas ouvidos pelo Remador avaliam que parte significativa do eleitorado conservador, antes dispersa, passou a reconhecer o senador como representante legitimado do bolsonarismo, favorecendo a transferência direta de capital político.

O segundo turno confirma a mudança de tendência. Em outubro, Lula venceria por 46,7% a 37%, com folga confortável. Agora, os números apontam 44,1% para o presidente e 41% para o senador. Com margem de erro de 2,2 pontos percentuais, o resultado configura empate técnico e abre uma disputa que parecia improvável até poucas semanas atrás.

Outros nomes testados seguem distantes. O governador Ratinho Junior aparece com 9%, e o ex-ministro Ciro Gomes, agora no PSDB, registra 7,9%. Nenhum dos dois ameaça o protagonismo que Flávio passou a exercer no campo oposicionista.

A nova configuração altera a dinâmica política de 2026. A percepção predominante de que Lula caminharia para uma reeleição controlada perde força diante da reorganização do adversário. Os dados sugerem que o Planalto terá de reajustar estratégias para conter a consolidação do senador antes do início oficial da campanha.

Para Flávio Bolsonaro, o desafio será ampliar sua base para além do eleitor historicamente alinhado ao pai, mantendo o avanço sem se limitar ao núcleo fiel. Para Lula, o alerta reside na redução de vantagem e na necessidade de responder politicamente ao reposicionamento do bolsonarismo.