O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, reconheceu, nesta terça-feira (28), que a Operação Contenção — deflagrada pelas forças de segurança nos complexos do Alemão e da Penha, na capital fluminense — excedeu os limites e as competências do governo estadual. Apesar disso, o governador afirmou que as ações continuarão, mesmo diante das críticas.
“Eu até entendo que estamos excedendo as nossas competências, mas continuaremos as excedendo. E, se precisarmos exceder ainda mais, o faremos, na nossa missão de servir e proteger nosso povo”, declarou Castro durante coletiva de imprensa.
Até o momento, o balanço oficial aponta 64 mortos, incluindo quatro policiais, mais de 80 presos e 75 fuzis apreendidos, além de pistolas e granadas.
Castro justificou a operação, alegando que o Rio de Janeiro enfrenta uma guerra contra o crime organizado, sem o apoio necessário do governo federal.
“Esta operação tem muito pouco a ver com segurança pública. Ela é uma operação de defesa. Esta é uma guerra que está passando os limites que o estado deveria enfrentar sozinho. Precisamos de apoio muito maior, talvez até das Forças Armadas”, disse o governador.
Segundo o chefe do Executivo estadual, a ação foi planejada ao longo de seis meses e é resultado de mais de um ano de investigações, com aval do Judiciário e acompanhamento do Ministério Público estadual.
O governo fluminense, porém, não solicitou apoio federal desta vez. Castro explicou que pedidos anteriores de empréstimo de blindados militares foram negados.
“Pedimos os blindados algumas vezes e todas as vezes os pedidos foram negados. Desta vez, não pedimos porque já haviam negado nas outras três. Como o presidente Lula é contra as GLOs, entendemos a realidade”, afirmou.
Governo federal rebate e cita apoio já prestado
Em nota, o Ministério da Defesa confirmou que o governo do Rio solicitou, em janeiro, apoio logístico da Marinha, mas que o pedido só poderia ser atendido com decretação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) — ato que exige autorização presidencial.
Já o Ministério da Justiça e Segurança Pública destacou que a Força Nacional atua no estado desde 2023 e que, apenas em 2025, a Polícia Federal realizou 178 operações no Rio, com a apreensão de 190 armas (17 fuzis) e 10 toneladas de drogas.
O governo federal ainda informou que o Rio de Janeiro recebeu mais de R$ 387 milhões em recursos federais entre 2016 e 2025, dos quais apenas parte foi executada.
O ministro Ricardo Lewandowski afirmou, em entrevista, que não recebeu pedido formal de apoio à Operação Contenção e reforçou o compromisso do governo com uma política de segurança pública integrada.
MPF e DPU cobram explicações
A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão do MPF e a Defensoria Pública da União (DPU) enviaram ofício ao governador solicitando informações sobre como o direito à segurança pública foi garantido durante a operação, que já soma 64 mortos — um dos maiores saldos de letalidade policial do ano no país.
Fonte: Agência Brasil


