A cultura do Amazonas amanheceu de luto neste domingo (16) com a morte de Daniel Sales, um dos maiores nomes da música, da pesquisa cultural e da memória esportiva do estado. Respeitado por sambistas, torcidas organizadas, estudiosos e por toda a comunidade do carnaval, Daniel era considerado uma verdadeira enciclopédia viva da cultura amazonense.
Ele foi compositor, escritor, cronista, pesquisador, letrista de hinos esportivos e um defensor incansável da identidade cultural do Amazonas. Daniel era amado dentro e fora da avenida, sempre presente, sempre generoso, sempre dono de uma palavra de afeto e memória.
Um guardião da história do samba e do futebol amazonense
Daniel ficou nacionalmente conhecido por sua capacidade única de documentar, preservar e traduzir a alma do carnaval de Manaus. Seu livro “É Tempo de Sambar” tornou-se referência obrigatória para pesquisadores, jornalistas e amantes do samba, por registrar com detalhes a evolução das escolas, os desfiles históricos, os personagens que marcaram época e os bastidores que moldaram o carnaval amazonense.
Na música, Daniel era frequentemente comparado ao Lamartine Babo do Amazonas, título que ele carregava com humildade e dedicação. Sua obra atravessa várias gerações e permanece como pilar da memória cultural do estado.
Compositor de hinos que ecoam no coração das torcidas
Além do carnaval, Daniel deixou sua marca de forma definitiva no futebol amazonense. Ele é autor de hinos históricos, como os de:
- América-AM
- Manaus FC
- Amazonas FC
- Princesa do Solimões
- Entre outros clubes tradicionais
No caso do Princesa do Solimões, o clube destacou que “Daniel deu ao Tubarão uma identidade sonora que uniu gerações”. O hino de 1996 é até hoje cantado com emoção nas arquibancadas e considerado um dos mais belos do futebol local.
Sambista de alma amarela e preta
Apesar de contribuir com sambas de várias escolas, Daniel tinha um amor declarado: a Sem Compromisso, onde escreveu obras marcantes, especialmente nos carnavais de 1994 e 1999.
Foi por sua dedicação incontestável que, em 2025, recebeu a honraria “Troféu Agnaldo do Samba”, destinada a lendas vivas do carnaval amazonense.
A escola destacou em nota que Daniel “era mais que compositor: era história, era memória, era paixão”.
Reconhecido por sua inteligência, generosidade e memória prodigiosa
Quem conviveu com Daniel o descreve como um homem de mente brilhante, sempre pronto a ensinar e a dividir seus vastos conhecimentos sobre:
- cultura popular
- futebol regional
- bastidores da imprensa esportiva
- histórias do carnaval
- personagens esquecidos da cidade
- crônicas sobre a Manaus antiga
Sua memória prodigiosa e seu jeito didático influenciaram jovens pesquisadores, músicos, jornalistas e apaixonados pela cultura amazonense.
Despedida cercada de homenagens
Diversas instituições prestaram condolências, entre elas:
- GRES Reino Unido da Liberdade, que homenageou sua trajetória como pai, sambista e intelectual.
- GRES Sem Compromisso, que exaltou sua importância para o samba.
- Princesa do Solimões Esporte Clube, que reconheceu sua contribuição eterna como autor do hino oficial.
- Boi Corre Campo, onde suas filhas Ellen e Danielle têm papel de destaque no folclore amazonense.
A morte de Daniel deixa uma lacuna profunda na música, na cultura, no carnaval e no esporte do Amazonas. Mas seu legado — vasto, rico e luminoso — segue vivo.


