A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta terça-feira (16/12), a Operação Opções Binárias, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa especializada em fraudes financeiras por meio de plataformas de opções binárias e casas de apostas on-line irregulares. A ação alcançou Manaus, onde foi cumprido um dos mandados de busca e apreensão.
Ao todo, estão sendo cumpridos 11 mandados de busca e apreensão em endereços residenciaislocalizados em São Fidélis/RJ (4), Rio de Janeiro (2: Barra da Tijuca e Recreio), Goiânia, Manaus, Campos dos Goytacazes/RJ, Santana do Parnaíba/SP e Barra do Bugres/MT; e dois mandados de busca e apreensão em empresas situadas na cidade de São Fidélis/RJ, além da aplicação de medidas cautelares contra quatro investigados, que irão responder ao processo em liberdade. Entre as restrições impostas estão a proibição de atuar em atividades ligadas a investimentos, jogos e apostas, impedimento de deixar a cidade de residência, recolhimento domiciliar noturno e nos fins de semana, além do uso de tornozeleira eletrônica.
A Justiça também determinou o sequestro de veículos, valores em contas bancárias e aplicações financeiras, medida que se estende a outras três pessoas jurídicas investigadas. Duas dessas empresas tiveram as atividades suspensas.
Influenciadores no centro do esquema
Segundo a Polícia Federal, o grupo criminoso atuava de forma estruturada em três frentes principais. A primeira envolvia cidadãos chineses que forneciam serviços de manipulação de plataformas de opções binárias, revendidos no Brasil com promessas de lucros elevados e irreais.
Na segunda frente, parte dos investigados contratava influenciadores para promover plataformas de apostas e opções binárias nas redes sociais. Os contratos previam que o lucro dos operadores viria diretamente das perdas dos apostadores atraídos pelos influenciadores, prática considerada altamente lesiva aos consumidores.
Já a terceira frente consistia na criação de uma plataforma própria de opções binárias, utilizada para captar clientes. Conforme a investigação, quando os usuários obtinham ganhos, eram submetidos a bloqueios de contas e travamento de saques, impedindo o resgate dos valores.
Movimentação milionária e crimes financeiros
As apurações revelaram que, em cerca de dois anos, um único investigado movimentou mais de R$ 28,3 milhões sem lastro financeiro, enquanto o total estimado de valores captados ilegalmente pelo grupo ultrapassa R$ 50 milhões. Também foi identificado que integrantes da organização já atuavam anteriormente na gestão de casas de apostas on-line sem qualquer regulação.
A Polícia Federal reforça que plataformas de opções binárias funcionam como apostas de curtíssimo prazo sobre a variação de ativos e não são reguladas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no Brasil, o que deixa investidores sem qualquer tipo de proteção legal.
