A megaoperação policial no Rio de Janeiro, que resultou em pelo menos 121 mortes, acirrou a tensão entre o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador fluminense Cláudio Castro (PL). A ação, realizada na última terça-feira (28), sem comunicação prévia a órgãos federais, gerou forte reação dentro do Palácio do Planalto e abriu mais um capítulo na disputa política entre o Executivo federal e o governo estadual.
De acordo com integrantes do governo Lula, a operação foi vista como uma ação “politicamente calculada” por parte de Castro, com o objetivo de reforçar a pauta da segurança pública — tema sensível para o Planalto e frequentemente explorado por setores bolsonaristas.
A irritação aumentou após declarações do governador, que afirmou ter enfrentado resistência do governo federal para obter apoio logístico das Forças Armadas. “Tivemos pedidos negados três vezes. Para emprestar o blindado, tinha que ter GLO [Garantia da Lei e da Ordem], e o presidente é contra a GLO. Cada dia uma razão para não estar colaborando”, disse Castro.
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, rebateu as críticas, afirmando que não houve qualquer solicitação formal de apoio. “Se ele sentir que não tem condições, tem que jogar a toalha e pedir GLO ou intervenção federal”, declarou à Folha de S.Paulo.
No Planalto, a avaliação é de que o governador tenta transformar a operação em capital político para se fortalecer em meio às dificuldades de viabilizar sua candidatura ao Senado em 2026.
O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), também insinuou motivações políticas por trás da ação. “Não descarto que a operação de hoje no Rio de Janeiro tenha sido deflagrada com a intenção abjeta de tentar mudar a pauta da política nacional”, escreveu nas redes sociais.
A Polícia Federal informou que houve apenas um “contato em nível operacional” com as forças estaduais, sem comunicação formal da operação. Fontes do governo relataram ainda que o presidente Lula estava em voo de retorno de viagem à Ásia — onde se reuniu com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump — durante o auge da operação, o que ampliou o desconforto do Planalto com o governador.
Com informações da Exame:


