Tempo de cuidar da saúde emocional dos profissionais da educação
Tempo de cuidar da saúde emocional dos profissionais da educaçãoPortal Remador

Por Eldo Pena Couto

Vamos abordar a saúde emocional dos profissionais da educação, que são importante referência para crianças e adolescentes cada vez mais estressados e/ou com problemas de aprendizado e comportamento. Falar disso é uma necessidade, diante dos efeitos do cenário pós-pandemia e em função do agravamento das divisões políticas e extremismos. Esses e outros fatores ligados às mudanças no papel do professor, aumento dos desafios nas interações com as famílias e das cobranças da nossa sociedade, tornam urgente discutir o tema.

Foi normatizado pelo sistema educacional que, além de transmitir conhecimento, o professor precisa participar da formação integral dos alunos, desenvolvendo as habilidades socioemocionais, além de atuar na mediação de conflitos e na educação inclusiva. Para isso, é preciso recorrer a estratégias e metodologias inovadoras. No entanto, muitas vezes ele não foi devidamente preparado, em sua formação, para tais demandas.

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Em meio às novas exigências, também aumentaram os desafios na interação com as famílias. Muitos de nós, professores e pais dessa geração, estamos vivenciando a transição de uma sociedade que resolvia tudo num ritmo mais ameno para outra que experimenta um compasso mais acelerado em decorrência do avanço tecnológico. O livro “Sociedade do Cansaço”, do filósofo sul-coreano Byung-Chul Han, descreve isso. Evidência que a sociedade do século XX, caracterizada por um sistema disciplinador repressivo, está sendo substituída pela “violência neuronal”, relacionada à busca pelo alto desempenho.

Em suma, a correria desenfreada e a pressão para resultados extraordinários afetam direta e indiretamente crianças e jovens. Tudo isso reflete em doenças psicológicas das famílias e deságua no relacionamento com a escola que, por sua vez, é feita por pessoas que também passam pelas mesmas questões.

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Outro fator relevante é que os pais dos alunos que estão na Educação Básica pertencem a uma geração que lutou pela liberdade de escolha e de expressão. Ao mesmo tempo que rompem com as amarras de dogmas e constroem sua própria visão de mundo, sentem o peso das responsabilidades por suas escolhas. Antigamente, as coisas ruins eram atribuídas ao divino ou eram culpa do patrão ou do destino. Porém, em uma sociedade mais flexível como a atual, a responsabilidade recai ainda mais sobre os pais, e assumir as consequências disso não é fácil.

Assim, os adultos que hoje são pais e mães precisam se preparar melhor para um mundo exigente e em constante transformação, além de preparar seus filhos para cenários ainda mais incertos. É normal que se sintam vulneráveis nessa realidade e em relação à educação que devem proporcionar aos filhos. Esses sentimentos acabam minando a confiança na escola, dificultando o processo educacional e a necessária sintonia entre pais e instituição de ensino.

O professor que também está nessa geração, com tantas culpas e cobranças, precisa preparar o aluno para o amanhã que ele não consegue projetar, diferentemente dos mestres das gerações passadas. Soma-se a esse desafio a necessidade de preparar os alunos nos aspectos curriculares e na preparação para a vida. As incertezas e o medo de falhar tiram o sono e afetam a saúde emocional dos profissionais da educação.

É fundamental aos gestores escolares reconhecer a situação e, sempre que oportuno, esclarecer o contexto que muitas vezes fica despercebido. Devem acompanhar a relação família-escola e cuidar da saúde emocional da equipe. Cabe a eles deixar claro para os docentes que a escola é uma parceira, incentivando-os a arriscarem-se em novas metodologias e a se envolverem no trabalho socioemocional. A expectativa da escola é que os professores aceitem esse desafio, entendam seu novo papel e queiram acertar, mesmo que cometam erros nessa jornada inicial.

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É essencial que gestores escolares, famílias e estudantes observem o cuidado emocional consigo mesmos e com os profissionais da educação. Um ambiente educacional saudável e acolhedor, que promova o desenvolvimento pleno dos estudantes, deve ser um compromisso coletivo.

*Eldo Pena Couto é especialista em psicopedagogia, mestre em administração com MBA em gestão empresarial e diretor dos Colégios Arnald

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