O sistema de Previdência Estadual do Amazonas (AmazonPrev) entrou no centro de um dos maiores escândalos financeiros do país após a prisão do empresário Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, liquidado extrajudicialmente pelo Banco Central e agora alvo de investigações por crimes financeiros estimados em R$ 12 bilhões.
Segundo denúncias do Sindicato dos Auditores Fiscais de Tributos do Estado (Sindifisco-AM) e do Sindicato dos Trabalhadores da Justiça do Amazonas (Sintjam), a AmazonPrev aplicou cerca de R$ 300 milhões em Letras Financeiras dos bancos C6 e Master — sendo R$ 50 milhões apenas no Master, que teve suas atividades encerradas nesta terça-feira (18).
A operação que derrubou o banco levou à prisão de Vorcaro pela Polícia Federal, durante a Operação Compliance Zero, que investiga um suposto esquema de emissão e negociação de títulos de crédito falsos envolvendo grandes instituições financeiras. O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, confirmou que a apuração mira crimes como gestão fraudulenta, organização criminosa e manipulação irregular de ativos financeiros.
Risco real de perda do dinheiro da aposentadoria
As denúncias apresentadas ao Ministério Público Estadual (MPAM) e ao Ministério Público Federal (MPF) apontam que os investimentos teriam sido feitos sem autorização colegiada, sem análise formal de risco e utilizando instituições não credenciadas, violando normas de governança da Previdência Estadual.
Com o Banco Master oficialmente liquidado pelo Banco Central, o risco de perda dos recursos aplicados é considerado altíssimo.
O coordenador-geral do Sintjam, Roberto Dávila, questionou publicamente:
“Aonde foi parar o dinheiro da aposentadoria dos servidores públicos estaduais do Amazonas?”
Sindifisco-AM pede investigação imediata
Em Nota Oficial, o Sindifisco-AM afirma estar “indignado com a gravidade das denúncias” e confirmou que irá representar formalmente ao MPF, ao MPAM e ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM), pedindo a investigação dos atos praticados pelos dirigentes e conselheiros da AmazonPrev.
A entidade defende a apuração de eventuais responsabilidades e a adoção de medidas para reparação dos prejuízos causados ao patrimônio previdenciário dos servidores do Estado.
Além disso, o sindicato informou que solicitará aos parlamentares estaduais e federais a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as irregularidades e possíveis crimes administrativos, civis e penais.
Entidades chamam servidores para reagir
O Sindifisco-AM conclama sindicatos, entidades e servidores públicos do Amazonas a acompanharem e cobrarem rigor absoluto nas investigações:
“Enfrentar esse ataque aos recursos da AmazonPrev é defender o futuro dos servidores e de suas famílias.”
Um alerta sobre o futuro previdenciário
O caso, revelado também pelo portal amazonas365.com.br, expõe a fragilidade da gestão dos fundos de aposentadoria do Estado e reacende o debate sobre investimentos realizados em bancos digitais de alto risco, muitos deles agora envolvidos em escândalos nacionais.
A crise abre um novo capítulo sobre a governança da AmazonPrev e coloca sob pressão o Governo do Estado, que poderá ser chamado a responder por eventuais perdas milionárias do patrimônio previdenciário dos servidores públicos.
Weliton Nunez, formado em Comunicação Social, acumula mais de 10 anos de experiência em assessoria de imprensa parlamentar e é especialista em estratégias políticas e marketing político.