Brasília (DF) – O PDT decidiu deixar oficialmente a base de apoio ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Câmara dos Deputados. A decisão foi tomada após a saída de Carlos Lupi do comando do Ministério da Previdência Social, em meio à crise provocada pelas investigações da Polícia Federal (PF) e da Controladoria Geral da União (CGU) sobre fraudes nos descontos de mensalidades de aposentados e pensionistas do INSS.
A decisão foi anunciada na segunda-feira (05/05) pelo líder do PDT na Câmara, deputado Mário Heringer (MG), durante coletiva de imprensa. Segundo ele, o rompimento com o governo federal não é consequência exclusiva do escândalo na Previdência. “A questão do INSS foi, na verdade, mais um episódio, o pingo d’água que faltava”, afirmou Heringer. A reunião que selou o afastamento da base contou com a presença de Lupi.
Apesar de desembarcar da base, o PDT não se unirá à oposição, conforme explicou o líder da legenda ao Portal Remador. “Não é retaliação ou posição de antagonismo. Temos que tomar cuidado dos movimentos que a gente faz pra não parecer que a gente está escolhendo o outro lado. Estamos escolhendo o nosso lado e somos contra essa polarização”, ressaltou.
Heringer também saiu em defesa da imagem da sigla e do ex-ministro. “Não estamos na oposição porque a oposição que se apresenta hoje não é uma oposição que nós temos a mínima afinidade com eles. A posição de independência nos dá exatamente o que a palavra indica: vamos fazer o que nós tivermos vontade, desejo de fazermos em benefício do país, dos Estados e das pessoas com as quais a gente enfrenta no dia a dia para pedir votos”.
No mesmo dia da saída de Lupi, o presidente Lula nomeou Wolney Queiroz, ex-deputado federal e então secretário-executivo da pasta, como novo ministro da Previdência Social. Apesar de também ser filiado ao PDT, Queiroz não foi uma indicação da legenda. “Foi uma escolha do presidente Lula, que tem uma relação de amizade com ele. O nome dele foi escolhido por isso”, declarou Heringer, reforçando que a nomeação foi uma decisão pessoal do presidente.
A saída do PDT da base aliada tem impacto direto na governabilidade do Planalto. Com 17 deputados federais e três senadores, o partido deixa de integrar o grupo de siglas que, no papel, sustentam a gestão de Lula. Na prática, o apoio no Congresso já era instável, especialmente com partidos do Centrão, como União Brasil, PP, Republicanos, PSD e MDB, cujas bancadas se dividem entre governo e oposição.
Mesmo contando oficialmente com o apoio de 14 partidos — o que representaria 375 deputados —, o governo Lula tem conseguido apoio fiel de apenas cerca de 139 parlamentares, incluindo siglas como PT, PSB, PSOL, Rede, PCdoB, PV, Avante, Solidariedade e Podemos. A saída do PDT reforça a dificuldade do Planalto em manter uma base coesa na Câmara.


