O bumbá propõe o resgate das raízes culturais da Amazônia, valorizando a história do próprio povo
Em busca do 33º título de sua história, o Boi Garantido lançou, na quinta-feira (26/06), o projeto de arena para o Festival de Parintins 2025. Apostando no resgate das raízes culturais da Amazônia, o boi da Baixa do São José quer valorizar a história do próprio povo, suas crenças e costumes que moldam a identidade da agremiação.
O Boi Garantido será o primeiro a se apresentar na arena, nesta sexta-feira (27/06). E no sábado (28/06) e domingo (29/06), encerrará as apresentações do festival.

O projeto foi apresentado em coletiva de imprensa na Cidade Garantido e contou com a presença de dirigentes da agremiação, além de lideranças indígenas e quilombolas.
Para o presidente do Boi Garantido, Fred Góes, o projeto de 2025 tem o objetivo de “virar a chave” e reconduzir a agremiação ao caminho da vitória.
“Estamos aqui para virar a chave da história dos espetáculos que vivemos e que ainda vamos viver. Vamos definir o rumo dessa disputa. O que vamos apresentar é um espetáculo completamente diferente de tudo o que já viram. Nossa missão é clara: acertar e surpreender. Foram meses de dedicação intensa, desde agosto, para entregar o melhor espetáculo que somos capazes de criar”, afirmou.
O vice-presidente, Marialvo Brandão, reforçou o compromisso do Garantido em entregar um projeto de arena campeão. Segundo ele, a proposta foi construída com seriedade e transparência.

“Estamos totalmente comprometidos em trabalhar com seriedade e isso tem sido reconhecido por todos. Nosso trabalho é transparente, algo que nos orgulha muito. Foi um projeto feito a muitas mãos, com diversas fontes de pesquisa. Trouxemos para o centro do espetáculo temas que antes estavam restritos a espaços de elite. Nosso compromisso é abraçar todos os públicos, e essa talvez seja nossa bandeira mais importante: incluir, acolher e representar. Não só a Amazônia, mas todas as realidades do Brasil”, destacou.
Para o pesquisador e membro da Comissão de Artes do Garantido, Alvatir Carolino, o projeto busca representar o verdadeiro espírito do boi que traduz o Brasil.
“O boi é um brinquedo, mas não é uma brincadeira qualquer, especialmente quando se brinca com a força de um mestre do boi. É nesse espírito que ocupamos a arena por três noites, para brincar e, ao mesmo tempo, falar sobre os povos esquecidos deste país. O ‘Boi do Povo, Boi do Povão’ representa o que o Garantido sempre simbolizou: um espaço que dá voz aos mais humildes, aqueles historicamente reprimidos, que hoje encontram no brinquedo uma rede de resistência, de renovação identitária e de clamor por direitos”, explicou.

Atos do Boi Garantido
O espetáculo do Boi Garantido será dividido em três atos: Somos o Povo da Floresta (1ª noite); Garantido, Patrimônio do Povo (2ª noite); Garantido, o Boi do Brasil (3ª noite).
Na noite de estreia, o Garantido apresenta os arcos fundamentais. “A lenda da noite é Tapiraiauara, que surge para anunciar a urgência de deter a devastação”, comentou Carolino.
De acordo com o pesquisador, a segunda noite homenageia os patrimônios culturais do Brasil, com foco nos povos e expressões tradicionais. É uma referência aos patrimônios culturais do Brasil, mas não são falados de catedrais, palácios ou obras de arte de herança europeia.
“Nossos patrimônios são os povos: do Flor do Samba ao Maracatu, do Pretinho do Congo às Tintureiras Carajá. São eles os patrimônios vivos e imateriais do Brasil. Essa é a nossa reverência”, detalhou.
A última noite do Boi Garantido celebra a diversidade cultural do país, reunindo diferentes manifestações populares das regiões do Brasil. A proposta é uma grande celebração em que o Garotinho recebe todos os bois e brinquedos populares que existem neste país, uma verdadeira festa da diversidade cultural brasileira”, destacou.
