Por Elias Tavares, cientista político e especialista em gestão de partidos políticos.
A entrega política do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), com sua proposta de mudança de nome para “Brasileiro”, revela uma estratégia coordenada para consolidar sua presença no cenário eleitoral de 2026. Liderado por Leonardo Avalanche, presidente nacional do partido, o PRTB busca reformular sua identidade e potencializar seu alcance. O anúncio da pré-candidatura de Pablo Marçal à presidência da República reforça essa nova fase do partido, que visa se estabelecer como uma força competitiva no cenário político nacional.
Marçal, que ganhou notoriedade nas redes sociais e quase chegou ao segundo turno na eleição para prefeito de São Paulo, é uma figura polêmica e ambiciosa. Apesar de anteriormente ter se posicionado contra partidos políticos, agora se alinha ao PRTB, que enxerga na sua popularidade e habilidade de mobilização digital uma oportunidade de projeção nacional. Essa parceria visa não apenas a disputa presidencial, mas também o fortalecimento de candidaturas estaduais e, sobretudo, a montagem de uma forte chapa de deputados federais.
A construção de uma candidatura presidencial tão antecipada — ainda estamos a dois anos das eleições — é uma estratégia clara para manter Marçal em evidência, especialmente após rumores sobre uma possível candidatura do cantor Gusttavo Lima à presidência. Embora ainda não tenha certeza se Lima realmente pretende disputar o cargo, sua menção em conversas e possíveis dobradinhas indica que o jogo de alianças e negociações já começou.
Outro aspecto central desse movimento é a reorganização partidária. Sob a liderança do deputado Marcelo Cruz (PRTB-RO), o partido deve estruturar diretórios em diversos estados, buscando negociar palanques estaduais e ampliar sua base de apoio. Essa estratégia reflete a importância das alianças estaduais como trampolim para candidaturas nacionais, sobretudo para um partido pequeno como o PRTB.
Além disso, a antecipação da candidatura de Marçal também aponta para uma intenção de aproveitar o potencial de filiações e a divulgação proporcionada pela mudança de nome do partido. Essa entrega pode atrair lideranças regionais e figuras interessadas em se conectar ao movimento digital de Marçal, fortalecendo não apenas sua candidatura presidencial, mas também a formação de uma bancada expressiva de deputados federais, crucial para o financiamento partidário via fundos eleitorais e partidários.
No entanto, há desafios. A candidatura de Marçal pode ser comprometida por questões judiciais que podem torná-lo inelegível. Essa incerteza, somada ao trabalho de reestruturação partidária, indica que o PRTB terá um movimento e estratégico para 2025, focado em construir uma base sólida para 2026.
A eleição presidencial de 2026 será decisiva para o PRTB e para Marçal. Com um planejamento antecipado e um partido mais organizado, essa pode ser uma chance de o “brasileiro” consolidar sua presença no cenário político nacional. No entanto, é necessário acompanhar as negociações políticas, as alianças e os desafios legais se desenrolarão ao longo dos próximos meses.