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A tadalafila, medicamento originalmente desenvolvido para tratar disfunção erétil, transformou-se em um fenômeno cultural inesperado. Viralizou em memes, letras de músicas do gênero funk e até como “pré-treino” em academias. Segundo especialistas, porém, esse comportamento exige cautela. Isso porque, por trás da popularidade, especialmente entre jovens, estão efeitos colaterais e interações medicamentosas danosas à saúde. 

Uso recreativo e sem orientação médica cresce impulsionado por modismos e redes sociais, preocupando especialistasSegundo o Conselho Federal de Farmácia (CFF), com dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), as vendas do medicamento saltaram de 3,2 milhões de unidades em 2015 para 64,7 milhões, em 2024, no Brasil. Foi um aumento percentual de 2.000%, ou, até 21 vezes a mais do que a quantidade anterior.

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“A tadalafila é um princípio ativo que pertence à classe dos inibidores da fosfodiesterase tipo 5 (PDE5). Seu mecanismo de ação promove o relaxamento da musculatura lisa e aumenta o fluxo sanguíneo para regiões específicas do corpo, sendo clinicamente indicado para disfunção erétil ou hipertensão arterial pulmonar”, explica o supervisor farmacêutico da rede Santo Remédio, Jhonata Vasconcelos.

Segundo ele, o medicamento não cria estímulos, mas facilita a resposta fisiológica a excitação pré-existente. “Usá-lo sem necessidade é como sobrecarregar um sistema que não precisa de reparos. Por isso, a tadalafila deve ser administrada sob prescrição, considerando histórico clínico e possíveis comorbidades do paciente”, comenta.

Riscos

Uma das principais portas de entrada para o uso indiscriminado do medicamento, hoje, é sua popularização em publicações virais que podem não informar corretamente sobre o fármaco. No TikTok, há milhares de vídeos sobre o tema. Somente na hashtag #tadalafila, são mais de 11,5 mil menções, com outras 9,7 mil citações para #tadala.

“Quando adotada como ‘recurso esportivo’ ou por curiosidade, a tadalafila expõe jovens a complicações imediatas e tardias. Efeitos agudos incluem cefaleia intensa, congestão nasal, azia e pressão arterial baixa. A médio prazo, destacam-se episódios de ereção prolongada e dolorosa, que podem causar lesões permanentes no tecido peniano se não tratadas”, afirma Vasconcelos.

Outro problema associado ao uso sem indicação profissional é a interação do medicamento com outros produtos. “Tadalafila com vasodilatadores, como os pré-treinos à base de óxido nítrico, ou com álcool, eleva riscos cardiovasculares. A longo prazo, pode mascarar doenças reais, como diabetes ou problemas circulatórios, retardando diagnósticos essenciais. Além disso, o uso recreativo cria dependência psicológica, especialmente em jovens”, destaca o profissional.

Jhonata ressalta que o melhor caminho para quem possui disfunção erétil, é procurar um profissional de saúde especializado que avalie o caso e indique o melhor tratamento. Nas farmácias, é possível não somente adquirir o medicamento, mas também obter mais informações sobre seu uso, incluindo efeitos colaterais e interações com outros fármacos.

“Nosso papel é fazer uma primeira triagem com o paciente e orientá-lo a buscar um profissional médico, quando necessário. Em relação aos medicamentos, os farmacêuticos podem orientar os pacientes sobre o uso correto e indicar alternativas equivalentes, muitas vezes mais baratas e com o mesmo resultado desejado”, pontua.

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