terça-feira, 26 de novembro de 2024 | 00:47:30

Temperaturas extremas, que chegaram a 39°C em algumas regiões e a alta concentração de micropartículas PM2.5, resultantes dos incêndios, estão gerando risco à saúde pública brasileira, segundo relatório divulgado hoje pela Climate Central (“Extreme Heat and Fires Linked to Climate Change in Brazil”). Em 20 de agosto, a concentração dessas partículas nocivas atingiu níveis 11 vezes superiores às recomendações da Organização Mundial da Saúde, afetando a qualidade do ar e contribuindo para um aumento significativo de casos de asma, pneumonia e sinusite.

Segundo os pesquisadores, mais de 60 milhões de pessoas no Brasil enfrentarão temperaturas extremas entre os dias 22 e 25 de agosto, enquanto incêndios devastadores continuam a destruir ecossistemas florestais e zonas úmidas, afetando a saúde e perturbando a vida cotidiana. “O calor que os brasileiros experimentarão nos próximos dias está claramente ligado às mudanças climáticas, com as altas temperaturas previstas sendo 5 vezes mais prováveis devido ao aquecimento global, causado principalmente pela queima de combustíveis fósseis”, diz o estudo. A fumaça dos incêndios nas regiões do Pantanal e Amazônia atingiu pelo menos 10 estados brasileiros, além dos vizinhos Bolívia, Paraguai e Peru.
 

Os cientistas também alertam para as alarmantes alterações de temperatura, fora do esperado. No Centro-Oeste do país, as temperaturas estão 7°C acima do normal para esta época do ano, enquanto a região Norte enfrenta desvios de até 6°C. Em várias cidades, incluindo São Paulo (SP), Campinas (SP), Manaus (AM) e Natal (RN), as temperaturas médias diárias devem atingir nível 5 no Climate Shift Index (CSI) por pelo menos um dia, indicando que as mudanças climáticas causadas pelo homem tornaram essas condições extremas pelo menos 5 vezes mais prováveis.

“O Brasil está enfrentando temperaturas extremas, apesar de estar no meio do inverno. Essa dura realidade destaca o impacto claro das mudanças climáticas”, explica Andrew Pershing, VP de Ciência da Climate Central. “Enquanto continuarmos a queimar combustíveis fósseis, continuaremos a ver essas ondas de calor alarmantes e os incêndios florestais devastadores que elas alimentam”, completa. Além do calor, condições severas de seca persistem em grande parte do Brasil, com impactos cada vez mais graves na agricultura e no abastecimento de água.

As queimadas na Amazônia e no Pantanal, que já consumiram mais de 2 milhões de hectares de terra este ano, são impulsionadas por uma combinação de seca persistente e desmatamento, segundo o levantamento. “A produção de poluição e a redução da umidade devido ao desmatamento aumentam o risco de novos incêndios, enquanto o uso de combustíveis fósseis continua a alimentar as mudanças climáticas, intensificando o problema”.

Regiões afetadas

As temperaturas médias diárias devem atingir nível 5 no Climate Shift Index (CSI) por pelo menos um dia, em cidades como São Paulo, Campinas, Guarulhos e Jacareí no estado de São Paulo, além de Manaus (AM), Natal (RN), Belém (PA), Macapá (AP), Campo Grande (MS), Sorriso (MT), Porto Velho e Ji-Paraná em Rondônia e Boa Vista (RR).

Um nível 5 no CSI indica que as mudanças climáticas causadas pelo homem tornaram esse calor extremo pelo menos 5 vezes mais provável, significando um evento excepcional de mudança climática.

Alterações de temperatura de até 8°C acima do normal são esperadas em cidades nas regiões central e norte do Brasil, já em partes do estado de São Paulo são esperadas em até 10°C. Isso significa que as temperaturas devem estar até 10°C acima da média usual para esta época do ano devido às mudanças climáticas.

Neste link é possível ver a tabela com algumas das cidades mais impactadas pelo calor extremo impulsionado pelas mudanças climáticas.