sexta-feira, 29 de novembro de 2024 | 21:55:38

Garantir moradia adequada universal poderia salvar a vida de 700 mil pessoas todos os anos no mundo. É o que mostra o relatório “Melhorando a habitação em assentamentos informais: avaliando os impactos no desenvolvimento humano”, que faz parte da campanha global “Nossa Casa” (em inglês, “Home Equals”), lançada pela Habitat para a Humanidade Internacional no mês de maio. O estudo, realizado durante três meses, foi baseado em uma metodologia de modelagem exclusiva, combinando uma revisão de mais de 130 artigos e relatórios com 72 indicadores em 102 países de baixa e média renda. 

No Brasil, de acordo com este mesmo relatório, se toda a população tivesse uma moradia adequada para viver, o país sairia da 87ª para a 73ª posição no ranking de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano).

Resultados potenciais

No âmbito global, a garantia de moradia adequada universal aumentaria em até 10,5% o produto interno bruto (PIB) e a renda per capita. Cerca de 41,6 milhões a mais de crianças e jovens poderiam se matricular na educação primária e secundária graças à melhoria das moradias em assentamentos precários. 

No caso do Brasil, segundo o estudo, além de subir 14 posições no IDH, o país teria um crescimento de 6% no PIB e aumentos de 1% na expectativa de vida e de 13% nos anos de escolaridade.

Moradia como prioridade de governos

O relatório apela para que os governos priorizem a habitação como alavanca para o desenvolvimento humano equitativo, melhorem os resultados do desenvolvimento, gerem crescimento econômico e cuidem do meio ambiente. O estudo sugere ainda adotar uma abordagem abrangente para a habitação em assentamentos informais, que leve em conta não apenas a estrutura em si, como também a posse segura e a disponibilização de serviços básicos.

“A posse segura da habitação ou da terra é fundamental para que consigamos combater as desigualdades, garantindo meios básicos de sobrevivência não só para a geração atual, como também para as futuras gerações. Por isso, é tão importante que o tema esteja na agenda prioritária dos governos”, defende a diretora executiva da Habitat para a Humanidade Brasil, Socorro Leite.

Campanha Nossa Casa

O relatório faz parte da campanha “Nossa Casa” (em inglês, “Home Equals”), lançada em maio pela Habitat para a Humanidade Internacional. Esta é uma campanha global de cinco anos que busca mudar as políticas locais, nacionais e globais para que aqueles que residem em comunidades precárias tenham acesso à moradia adequada.

Mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo vivem em favelas e outros territórios vulnerabilizados e esse número continua aumentando. Eles representam mais da metade dos 1,8 bilhão de pessoas que carecem de moradia adequada globalmente, de acordo com a ONU.

“Aqueles que vivem em comunidades e favelas não estão lá por escolha, mas porque é a solução habitacional que conseguiram encontrar. As políticas certas podem remover barreiras, acelerar esses esforços e abrir as portas para um futuro melhor para muito mais pessoas que merecem a chance de viver em um lar digno e seguro”, comentou Socorro.

A Habitat para a Humanidade Internacional fez um chamado aos países para que reconheçam o acesso equitativo à habitação como uma alavanca fundamental para o desenvolvimento e comprometam-se a atender às necessidades de habitação em comunidades precárias como forma de promover prioridades de desenvolvimento internacional, em setores como crescimento econômico, saúde e educação.

 

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