Nesta terça-feira, 27, o deputado estadual Wilker Barreto (Mobiliza) repercutiu na tribuna do Legislativo o caso de um homem cardiopata de 57 anos que morreu na calçada após ter o atendimento negado no Hospital Delphina Aziz, na Zona Norte de Manaus. O parlamentar classificou o caso como uma grave omissão de socorro e um retrato do descaso do sistema de saúde do Estado.
Segundo relatos da família, o homem passou mal a caminho do trabalho e, por estar em frente ao hospital, buscou ajuda médica. No entanto, funcionários da unidade teriam informado que ele deveria procurar a UPA Campos Sales, distante dali. Ele não resistiu e faleceu no caminho, antes de receber qualquer atendimento.
“Já estou pedindo para a assessoria jurídica do meu gabinete e espero que o Ministério Público possa tomar as providências. Omissão de socorro é crime e isso aconteceu dentro de um hospital público, um cidadão no desespero, passando mal. Como é que mandam o cidadão procurar um outro local, um cardiopata? Isso é a saúde hoje do Amazonas e só quem vai sentir a perda é a família, porque para o Governo virou estatística”, declarou.
Cobranças
Diante da gravidade dos fatos, Wilker Barreto fez um apelo para que o Ministério Público investigue o caso, destacando que houve omissão de socorro e que a morte do paciente foi, na prática, uma condenação à morte por parte do poder público.
“Por isso que eu peço e faço um apelo, aos órgãos ministeriais, em especial o Ministério Público para que possa apurar e verificar a omissão de socorro de um cidadão. Porque pra mim, o que aconteceu aí, foi literalmente condenar um cidadão a morte. O mais grave: bateu na porta de um hospital público, se fosse privado, também teria a mesma obrigação de atender. É um cidadão humilde, feirante, perde sua vida, imagina os filhos e a esposa, isso é uma ferida que não se fecha”, enfatizou.
O deputado anunciou que protocolará um requerimento pedindo esclarecimentos da Secretaria de Saúde e reforçou que os responsáveis pela negligência devem ser responsabilizados civil e criminalmente.
Wilker também voltou a criticar o modelo de gestão do Delphina Aziz, comandado pelo Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano (INDSH), e apontou ilegalidades no contrato. Segundo ele, o INDSH não tem qualificação legal como Organização Social de Saúde, como exige a Lei Estadual nº 3.900/2013. Ainda assim, já recebeu mais de R$ 1,4 bilhão em recursos públicos entre 2019 e 2025.
