Manaus (AM) – A Prefeitura de Manaus irá promover uma série de atividades neste mês durante a campanha “Janeiro Roxo”, que tem por objetivo sensibilizar a sociedade sobre o diagnóstico e tratamento da hanseníase, para continuar obtendo resultados positivos no controle da doença na cidade. Nesta quarta-feira (4), a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) reuniu diretores, técnicos e profissionais de saúde para alinhar as atividades programadas para a campanha e para os próximos meses de 2023.
O encontro foi realizado na sede da secretaria, e contou com a participação de equipes da Subsecretaria Municipal de Gestão da Saúde (SUBGS) e da Diretoria de Vigilância Epidemiológica, Ambiental, Zoonoses e da Saúde do Trabalhador (Dvae). A abertura oficial da campanha “Janeiro Roxo” será realizada no dia 11 deste mês, no auditório da Universidade Paulista (Unip).
“Janeiro é um mês simbólico para as ações de controle da hanseníase, quando a divulgação do assunto é intensificada junto à população, mas o trabalho de investigação de casos, diagnóstico e tratamento é ofertado de forma ininterrupta pelo município, durante todo o ano. Manaus é reconhecida pelo Ministério da Saúde como referência no combate à hanseníase, servindo de exemplo para outras localidades do país, e estamos trabalhando para fortalecer nossas atividades”, destacou o subsecretário municipal de Gestão da Saúde, Djalma Coelho.
De acordo com Djalma, durante todo o mês de janeiro, as unidades da Semsa irão reforçar as ações educativas com a população, por meio de palestras, rodas de conversa, distribuição de material informativo, entre outros. As unidades também estarão ofertando o exame de pele e teste de sensibilidade com atendimento clínico aos casos suspeitos, além de busca ativa em 11 bairros de maior incidência da doença, com aplicação do Questionário de Suspeição de Hanseníase (QSH).
Busca ativa
A chefe do Núcleo de Controle da Hanseníase da Semsa, enfermeira Ingrid Santos, informou que as ações de busca ativa vêm sendo intensificadas desde a flexibilização das medidas restritivas impostas pela pandemia de Covid-19. “O Ministério da Saúde aponta a incidência nacional de dois a nove casos de hanseníase a cada 100 mil habitantes, por isso se faz necessário o monitoramento efetivo e estratégico para o controle e eliminação da doença na nossa cidade”, disse.
Por conta desse trabalho de investigação, vem crescendo o número de pacientes diagnosticados com hanseníase em Manaus, o que contribui para o controle da doença. Em 2020, foram registrados 72 novos casos de hanseníase na capital, número que subiu para 102 casos em 2021, e no ano passado, foram diagnosticados 111 novos casos.
“A hanseníase é uma doença infecciosa crônica, cuja transmissão acontece quando uma pessoa doente, sem tratamento, elimina o Mycobacterium leprae, conhecido como bacilo de Hansen, por meio de secreções nasais, tosses ou espirros, transmitindo para pessoas sadias que convivem próximo e por tempo prolongado no mesmo ambiente. A doença se manifesta por meio de manchas na pele que não causam dor ou incômodo, e isso faz com que muitas pessoas deixem de procurar o serviço de saúde, o que pode ocasionar na evolução para casos mais graves”, explicou Ingrid.
Questionário
O Questionário de Suspeição da Hanseníase (QSH) é uma estratégia exitosa desenvolvida no município de Manaus, que possibilitou a identificação de 17 casos novos da doença em 2022. A aplicação do questionário, assim como a triagem e atendimento clínico de casos suspeitos, envolve Agentes Comunitários de Saúde (ACSs), médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem.
“Neste mês de janeiro, 42 unidades de saúde estão programadas para aplicar o questionário em seus territórios, que englobam 11 bairros de maior incidência da doença. Os profissionais de saúde vêm sendo capacitados constantemente para realização deste trabalho, e todos os usuários serão acolhidos e direcionados para os atendimentos adequados, mesmo em casos de dermatoses simples identificadas nesse trabalho de rastreio”, completou.
Neste mês, a aplicação do QSH será desenvolvida nos bairros Colônia Terra Nova, Monte das Oliveiras, Praça 14 de Janeiro, Crespo, Flores, São José Operário, Puraquequara, bairro da Paz, Redenção, São Jorge e Lírio do Vale.
Escolas
No ano de 2022, a Semsa também implementou o projeto Autoexame de Pele Virtual, desenvolvido em cerca de 250 escolas participantes do Programa Saúde na Escola (PSE), que teve como foco a investigação de possíveis casos de hanseníases em estudantes da rede pública. “O público infantojuvenil tem uma importância especial nas estratégias de controle da doença, pois se for identificado um caso em pessoas menores de 15 anos de idade, isso indica que há um adulto sem tratamento convivendo com essa criança ou adolescente”, explicou Ingrid.
Atualmente, o projeto encontra-se em andamento, com mais de 27 mil formulários já respondidos. Desse total, 1.471 apresentaram respostas com alteração na pele e estão sendo encaminhados para atendimento médico e posterior tratamento medicamentoso, se necessário.