Fim de ano, maior movimento nas estradas e o aumento de acidentes ocorre. É importante ter cautela e uma reflexão sobre a frequência dos acidentes, pois neste ano, já foram registrados mais acidentes em rodovias federais que em 2022. Conforme a projeção com base nos dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), responsável pela fiscalização e controle do trânsito em rodovias federais em todo o país, a Região Sul e Sudeste juntas são responsáveis por 25% do total de acidentes no Brasil, aumentando essa porcentagem para 34%, quando considerados apenas o número acidentes com vítimas fatais. Mas quais são os motivos para o aumento de acidentes no país? Onde e como eles ocorrem?
Segundo os dados da PRF, atualizados até setembro de 2023 e levando em consideração apenas óbitos no local do acidente, os estados com maior número de acidentes fatais são Minas Gerais (2.566), Paraná (2.263) e Bahia (1.749), representando juntos cerca de 1/3 do total nacional.
Na análise das causas de mortes em acidentes, os dados revelam que cerca de 78% das mortes ocorrem devido ao comportamento do condutor, seguido de 13% relacionado à infraestrutura, depois 5% relacionado ao comportamento do pedestre e fatores naturais representam 4%.
Uma pesquisa divulgada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), que avaliou 111.502 quilômetros de rodovias brasileiras, identificou que 85,5% da extensão total avaliada (94.778 quilômetros) são formadas por pista simples e 14,5% de rodovias duplicadas. Em cruzamento com os dados da PRF é possível afirmar que o número de óbitos é maior em rodovias de pista simples.
Os números projetam para 2023 mais de 19 mil mortes em pista simples e mais de 6 mil em pistas duplicadas. Sendo assim, a análise estatística permite inferir que para cada 5km de pista duplicada, evita-se uma morte nas rodovias brasileiras.
Dentre os cinco principais tipos de acidentes, com óbitos em pistas simples e duplicadas destacam-se:
*Número de óbitos e causas em Pista Simples: | *Número de óbitos e causas em Pista Duplicada: | ||
Velocidade incompatível | 1732 | 615 | |
Transitar na contramão | 1640 | 603 | |
Ausência de reação do condutor | 1581 | 512 | |
Reação tardia/ineficiente do condutor | 1381 | 214 | |
Ultrapassagem indevida | 859 | 212 |
Mais acidentes nas retas
Analisando o traçado da pista, cerca de metade dos óbitos tanto em pista simples, quanto em pista dupla, ocorre em retas, enquanto as curvas são responsáveis por 11%. Ao associar esse dado com as causas dos acidentes, verifica-se que a velocidade incompatível, somada à ausência ou ineficiência de reação do condutor, nas retas, causam 1/3 dos acidentes com vítimas fatais.
Dezembro é um mês de acidentes
Com base na série histórica de 2022, o mês de dezembro (2.401) representa os maiores índices de óbitos, seja em pista simples ou dupla.
Cuidado com o fim de semana e o tempo bom
O final de semana destaca-se como o período mais trágico nas rodovias de nosso país. Sábado e domingo representam juntos mais de 36% das vítimas fatais, sendo o domingo o dia de maior incidência, tanto em pista simples, quanto dupla. Terça-feira representa a menor incidência. Em um panorama geral, considerando todos os dias da semana, quase 1/3 das mortes ocorre entre 18h e 21h.
Outro ponto de destaque, refere-se às condições do tempo no momento do acidente, sendo que 83% delas com tempo bom, céu claro ou com sol (69%), nublado (14%), já mortes em dias chuvosos representam 15%.
Diante deste contexto, é imperativo implementar estratégias abrangentes que visem não apenas o investimento e melhorias na infraestrutura, mas também uma transformação significativa na cultura de condução, promovendo uma condução de posse-responsável (postura ou atitude responsável, especialmente no contexto de condução), uma vez que os dados apontam o comportamento do condutor como a principal causa de acidentes nas rodovias brasileiras.
*Rafaela Aparecida de Almeida é doutora em Gestão Urbana e professora da ESGCN no Centro Universitário Internacional UNINTER