Letícia (Colômbia ) – Durante sua visita à cidade colombiana de Letícia, que faz fronteira com a cidade brasileira de Tabatinga, na região do Alto Solimões, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou que o governo planeja sediar o Centro de Cooperação Policial dos países amazônicos na capital amazonense.
A implantação desse centro já havia sido anunciada no início de junho, durante o lançamento de um plano de segurança para a Amazônia.
Ao lado do presidente colombiano Gustavo Petro, Lula enfatizou a importância de intensificar o trabalho policial na região, especialmente no combate à criminalidade contra os povos tradicionais e o meio ambiente.
Lula também defendeu a investigação e punição dos criminosos, ressaltando a necessidade de uma colaboração conjunta entre as polícias e os sistemas judiciários dos países amazônicos. Ele reiterou seu compromisso ao afirmar: “Com esse enfoque, em breve estabeleceremos o Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia na cidade de Manaus”.
Durante seu discurso, Lula ressaltou os desafios enfrentados pela região, como a presença de criminosos envolvidos na exploração ilegal de madeira, garimpo, caça e pesca, bem como a criminalidade em terras públicas. Ele alertou que, na ausência do Estado, o narcotráfico se espalha e se torna um vetor de crimes ambientais. Os povos indígenas, como os Yanomami, são particularmente afetados pela exploração ilegal de suas terras. Além disso, Lula mencionou a vulnerabilidade dos jovens nas áreas rurais, florestais e urbanas, que se tornam alvos fáceis de facções criminosas que se fortalecem nas prisões das florestas.
O presidente brasileiro também defendeu a integração dos países amazônicos nas áreas de saúde e economia sustentável, o combate à biopirataria, à violência de gênero e à exploração sexual.
Lula mencionou a criação de um comitê de especialistas para monitorar a floresta, com a participação de dados de todos os países amazônicos. Ele também propôs a institucionalização do Observatório Regional da Amazônia, visando à sistematização de dados para orientar as políticas públicas.
Lula ressaltou a necessidade de os países com florestas tropicais unirem-se para exigir que as nações mais ricas cumpram a promessa de repassar US$ 100 bilhões anualmente para ações climáticas. Ele também defendeu uma reforma do Fundo Global para o Meio Ambiente, a fim de dar maior espaço para o Brasil, Colômbia e Equador.
As declarações de Lula foram feitas durante o encerramento da Reunião Técnico-Científica da Amazônia.