A compra da Alelo pela plataforma iFood foi confirmada pela empresa, que é a maior do setor de administração de vales-refeição. Caso a operação seja aprovada pelo CADE, o aplicativo de delivery passará a atuar também como fornecedor de benefícios, como vale-refeição e vale-alimentação, consolidando sua presença em toda a jornada de consumo, do pedido ao pagamento.
Para Marcelo Marani, professor e CEO da Donos de Restaurantes, uma das maiores escolas de capacitação do setor na América Latina, a iniciativa representa uma tentativa de verticalização que pode aumentar a vulnerabilidade dos estabelecimentos. “Se o iFood controlar também os meios de pagamento, além do canal de vendas, o restaurante perde autonomia. Ele passa a depender da mesma empresa para vender, receber e se relacionar com o cliente”, afirma.
Segundo dados da Associação Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador (ABBT), o mercado de benefícios corporativos movimentou R$187 bilhões em 2023. A Alelo, atualmente controlada pela Elopar, joint venture do Banco do Brasil com o Bradesco, é uma das líderes do segmento, ao lado de Ticket e Sodexo.
Para Marani, a possível fusão entre delivery e benefícios reforça a urgência de uma gestão mais profissional no setor. “Quem não tem controle sobre seus dados, relacionamento direto com o cliente e uma gestão financeira sólida ficará refém das plataformas. Essa operação é um alerta: o mercado está se concentrando e quem não se preparar vai pagar essa conta”, alerta.
Além do impacto operacional, ele também aponta o risco de desequilíbrio nas negociações comerciais. “Hoje, muitos restaurantes já enfrentam taxas elevadas nas plataformas de entrega. Se o mesmo player passar a controlar os repasses de vale-refeição, pode ditar as regras com ainda menos contrapeso. É preciso discutir esse modelo com seriedade”, defende.
A proposta será submetida à análise do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que avaliará os impactos concorrenciais da transação. Procuradas pelo UOL, tanto o iFood quanto a Alelo confirmaram que estão em negociações, mas não divulgaram valores nem prazos.
Autor do livro Transforme o seu Restaurante em um Negócio Milionário (Editora Gente), Marani conclui que o cenário exige dos empresários uma postura estratégica. “Não basta servir boa comida. É preciso diversificar os canais de venda, investir em fidelização própria e ter controle sobre as finanças. Quem não fizer isso vai perder margem e poder de decisão”, finaliza.
Sobre Marcelo Marani
Marcelo Marani é fundador e CEO da Donos de Restaurantes, uma das principais escolas para donos de restaurantes da América Latina. Professor formado em Ciência da Computação, com mestrado em Administração de Empresas, defendeu em 2007 uma tese que mostrava que 70% dos donos de restaurantes não trabalham com qualquer tipo de fidelização.
Empresário, sócio de mais de 10 empresas do foodservice, com um faturamento de R$30MM em 2024, tem mais 25 anos de experiência no mercado de alimentação e é considerado um dos maiores especialistas em gestão e aumento de faturamento para restaurantes do Brasil.
Marani é também apresentador de TV, no programa Café com Chef da Band todo domingo de manhã, é host do podcast mais escutado no Brasil para donos de restaurantes e também autor do livro Transforme o seu Restaurante em um Negócio Milionário, da editora Gente.
Marani já treinou mais de 25 mil empresários, em 19 capitais do Brasil, e já fez trabalhos em Portugal e na Argentina. Para mais informações, visite o Instagram.