Em uma decisão sem precedentes, o Festival de Cannes proibiu o ator francês Théo Navarro-Mussy de participar do tradicional desfile no tapete vermelho durante a estreia de “Dossier 137”, filme do qual faz parte do elenco. A decisão, tomada pelo delegado-geral do evento, Thierry Frémaux, foi motivada pelas acusações de estupro, violência física e psicológica que pesam contra o ator, feitas por três ex-parceiras.
A proibição foi anunciada nesta quinta-feira (15/05), horas antes da cerimônia de gala, e comunicada oficialmente pela organização do festival à imprensa internacional, como o “The Hollywood Reporter”, “Télérama” e “Le Monde”. A medida foi adotada em conjunto com os produtores do longa, Caroline Benjo e Carole Scotta, que afirmaram: “Em respeito às vítimas e sem prejuízo da presunção de inocência, decidimos que o ator não participará da exibição”.
Apesar de o tribunal francês ter rejeitado inicialmente as denúncias, as supostas vítimas anunciaram que irão ingressar com uma ação civil. A defesa de Navarro-Mussy sustenta que não há processo legal em curso e que “nesta fase, a Justiça o inocentou de qualquer irregularidade”.
Frémaux explicou à revista “Télérama” que, enquanto o caso estiver em andamento, o ator permanecerá banido do tapete vermelho. “Se for arquivado ou ele for considerado inocente, a proibição será automaticamente suspensa”, disse.
O ator é conhecido na França por sua atuação na série “Hippocrate” e no filme “Les rois de la piste”, além de outros trabalhos no cinema e na TV. Seu nome passou a figurar nas manchetes após a denúncia de ex-companheiras, em um momento sensível para o cinema francês, que nesta semana também viu Gérard Depardieu ser condenado por agressão sexual.
Em abril, o Festival de Cannes adicionou uma nova cláusula em seu regulamento, exigindo que os filmes inscritos comprovem o respeito à “segurança, integridade e dignidade” dos envolvidos durante a produção — medida que agora é aplicada diretamente ao caso Navarro-Mussy.
