O agente da Polícia Federal Wladimir Soares, preso desde novembro de 2023 e denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), voltou a ser alvo de polêmica após a revelação de novos áudios em que sugere que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, deveria ter sido executado quando barrou a nomeação de Alexandre Ramagem para a direção-geral da PF, em 2020.
“Vamos tocar o barco. O Alexandre de Moraes realmente tinha que ter tido a cabeça cortada quando ele impediu o presidente [Bolsonaro] de colocar um diretor na Polícia Federal, o Ramagem“, afirma Soares em um dos áudios interceptados pela PF.
De acordo com a investigação da Polícia Federal, Wladimir integrava o chamado plano “Punhal Verde e Amarelo”, que previa o assassinato de autoridades, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o próprio Moraes, então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Em outro áudio, Soares declara que ele e outros agentes estavam “preparados para ir prender Alexandre de Moraes”. “Eu ia estar em uma equipe, ia botar pra f* nesse filho da p***”, afirma o policial.
O agente chegou a se infiltrar na equipe de segurança do então presidente eleito Lula e, segundo a PF, repassava informações estratégicas sobre a logística de proteção à presidência. As ações faziam parte de um esquema mais amplo de tentativa de golpe de Estado, revelado na Operação Contragolpe.
O relatório da PF indica que militares das Forças Especiais do Exército também participariam do plano para “neutralizar” as autoridades. Quatro militares, além de Wladimir, foram presos no contexto do inquérito.
A PGR aponta que o grupo pretendia agir logo após as eleições de 2022. Em áudios obtidos pela CNN e confirmados pela PF, Soares critica a ausência de uma reação mais agressiva do governo Bolsonaro ao STF. “Tinha que ter cortado a cabeça dele [Moraes] ali, mas não fez, foi frouxo. Tentou fazer tudo direitinho, dentro das quatro linhas, e só se ferrou”, declarou.
