O prefeito de Manaus, David Almeida, participou nesta terça-feira (1º/12), em Brasília, de uma reunião com a Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos (FNP) para tratar dos resultados do Indicador de Financiamento e Equidade Municipal (IFEM) — estudo que revelou um dado alarmante: Manaus está entre os municípios que menos recebem recursos por habitante no Brasil.
A capital amazonense aparece no grupo mais baixo do ranking nacional, com receita per capita inferior à de 91% dos municípios brasileiros, segundo a plataforma da FNP. A posição acendeu um alerta na entidade e reforçou a pauta que David Almeida tem defendido: a necessidade urgente de corrigir desigualdades históricas que penalizam capitais populosas da região Norte.

“O mapa vermelho do IFEM mostra a desigualdade do país. E é essa correção que queremos fazer. Manaus tem uma das menores receitas per capita entre as grandes capitais, mesmo sendo responsável por atender uma população gigantesca e com logística complexa”, afirmou David durante a reunião.
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O que o IFEM revelou sobre as desigualdades municipais
O levantamento da FNP analisou dados de 5.525 municípios, dividindo-os em quintis (grupos de 20% do total), do menor para o maior nível de receita per capita. Os resultados mostram um país profundamente desigual:
Principais descobertas:
- 35% da população brasileira vive em cidades do 1º quintil — os municípios com menor receita per capita.
- Apenas 6,6% da população vive no grupo mais rico (5º quintil).
- Em 2000, mais pessoas viviam em cidades ricas, mas hoje há forte deslocamento para municípios com menor receita.
- A maioria das cidades brasileiras depende quase totalmente de transferências de Estados e União.
Desigualdade por porte
- Cidades pequenas (até 5 mil habitantes) têm o dobro da média nacional de receita per capita, impulsionadas por repasses federais fixos.
- Cidades grandes (mais de 500 mil habitantes) — como Manaus — têm receita per capita inferior a 25% da média nacional, recebendo proporcionalmente muito menos recursos.
O dado confirma o que prefeitos de metrópoles denunciam há anos: quanto maior a cidade, mais cara é a manutenção dos serviços e menor é o valor recebido por habitante.
Manaus: um dos casos mais graves
Mesmo sendo a sexta maior capital do país e responsável por atender uma população espalhada entre zonas urbana e ribeirinha, Manaus aparece entre os 9% piores municípios brasileiros em receita per capita.
Isso significa que, proporcionalmente, cidades com 3 mil habitantes recebem mais do que a capital do Amazonas — responsável por saúde, educação, transporte, limpeza urbana e serviços complexos de alta demanda.
David Almeida reforçou que o modelo precisa ser revisto:
“Manaus não pode ser penalizada por ser grande. Nós fazemos muito com pouco, mas isso é insustentável a longo prazo.”

Desigualdade que o mapa explica
O IFEM destaca que o mapa do Brasil mostra um padrão claro:
- Norte e Nordeste aparecem quase totalmente em vermelho (baixa receita)
- Sul e Sudeste concentram municípios em verde (alta receita)
Mas o estudo revela algo ainda mais grave:
a desigualdade também ocorre entre cidades vizinhas, inclusive em regiões metropolitanas.
A plataforma completa pode ser acessada em: platafoma-ifem.onrender.com
E, como avaliou David Almeida,
“não se trata de pedir mais: trata-se de pedir justiça.”
