A crise diplomática entre Estados Unidos e Venezuela subiu de nível neste sábado (29/11), após o presidente americano Donald Trump declarar que o espaço aéreo “sobre e ao redor da Venezuela” deve ser considerado totalmente fechado.
A afirmação foi feita na rede Truth Social, em meio às operações militares norte-americanas no Caribe, que já duram duas semanas e contam com o maior porta-aviões do mundo, o USS Gerald Ford, além de cerca de 15 mil militares.
“A todas as companhias aéreas, pilotos, traficantes de drogas e traficantes de pessoas: considerem o espaço aéreo acima e ao redor da Venezuela totalmente fechado.”
— Donald Trump, presidente dos EUA
Venezuela reage e acusa “ameaça colonialista”
Horas depois, o governo de Nicolás Maduro respondeu em nota oficial, classificando a postura como “uma agressão extravagante, ilegal e injustificada”.
O Ministério das Relações Exteriores afirmou:
“A declaração tenta aplicar extraterritorialmente uma jurisdição ilegítima dos Estados Unidos na Venezuela, ameaçando a soberania do espaço aéreo nacional e a integridade territorial.”
Caracas disse ainda que Trump busca intimidar o país com ações militares e interferência direta na região.
Manobras militares tensas no Caribe
A escalada ocorre no mesmo período em que os EUA intensificaram a chamada Operação Lança do Sul, que já deixou mais de 80 mortos em ataques contra supostas “narcolanchas” no Caribe, segundo Washington.
Navios de guerra, caças F-35, submarino nuclear e fuzileiros navais foram mobilizados — o maior deslocamento militar americano no local desde a invasão do Panamá, em 1989.
O Comando Sul dos EUA divulgou treinamentos de guerra na selva, desembarque de tropas e infiltração, aumentando a preocupação sobre possível operação terrestre.
Companhias suspendem voos, e Caracas reage
Na semana passada, a Venezuela havia revogado autorizações de seis companhias internacionais — incluindo Gol, Latam, Avianca e Iberia — alegando descumprimento de prazos para retomada de voos.
A FAA, agência aérea dos EUA, também emitiu alerta às empresas sobre riscos devido à “intensificação da atividade militar”.
Acusações e contexto político
Trump já chamou Maduro de chefe do suposto Cartel de Los Soles, recentemente classificado como organização terrorista pelos EUA — movimento que abre margem legal para operações militares mais amplas sob justificativa de combate ao “narcoterrorismo”.
Maduro, por sua vez, mobilizou tropas e disse estar pronto para enfrentar o que chama de “ameaça imperial”.
