quinta-feira, 28 de novembro de 2024 | 13:47:05

As necessidades de evolução tecnológica dos portos esbarram na necessidade global de um frete menos burocrático, mais célere e moderno. Isso porque, segundo pesquisa da CNI (Companhia Nacional da Indústria), 92% das empresas que participaram da pesquisa disseram que o custo do frete internacional foi seu maior entrave. Isso acendeu um alerta para a necessidade de se olhar para o custo e, mais especialmente, a forma como esse transporte de cargas, feito majoritariamente de forma marítima, poderia ser otimizado.

Tornar o custo das operações mais rentável requer investimentos e por isso, empresas de tecnologia empreendem seus esforços para tornar o ambiente portuário menos dependente do homem. A startup holandesa Rocsys, por exemplo, criou um braço robótico que será testado no setor norte-americano e pode revolucionar o setor. Mas toda essa automação, seja por meio de tecnologias ou estratégias, requer profissionais qualificados para pensar, operacionalizar e executar esses próximos passos.

Vinícius Lima, engenheiro com uma década de experiência em automação, aponta os principais benefícios que tais avanços tecnológicos trazem para o setor:

– Aumento da eficiência operacional: quando mais um processo é automatizado, há menos chances de erros. Quando uma unidade portuária investe em automação, ela, na verdade, minimiza as chances de erros que podem ocorrer quando o processo ainda é manual. Isso diminui a reengenharia e aumenta a qualidade em todo o processo.

– Agilidade nos processos: um processo automatizado agiliza em muito a eficiência operacional. Quando um caminhão vai ser carregado e esse caminhão já tem um pré-cadastro de sua tonelagem o processo de carregamento fica mais ágil, pois o sistema já sabe com quantas bateladas será necessário para carregar o caminhão todo.

– Redução dos gargalos logísticos: usando sistema de processo como Lean é possível ver onde estão os erros e, assim, aplicar técnicas e sistemas corretos fazendo com que esse gargalo diminua.

– Uso inteligente de dados e informações: a movimentação de cargas pode ser controlada de várias maneiras, como Tags RFID por exemplo. O gerenciamento incorreto das cargas faz com que elas fiquem muito tempo em estoque e, caso isso aconteça, o sistema dispara um sinal para o operador que já está no tempo desta carga ser despachada.

– Nível de segurança aprimorado: o monitoramento de áreas de movimentação de equipamentos e pessoas é um dos que mais se beneficia, pois usa sensores que identificam que há pessoas próximas do equipamento fazendo com que ele diminua a velocidade ou até mesmo pare por completo o deslocamento da carga.

– Redução dos custos operacionais a longo prazo: em um primeiro momento o investimento em automação é elevado, mas com o passar dos anos fica evidente que traz redução dos custos dentro do processo. Evitar que cargas fiquem tempo demais estocadas ou um acidente que foi evitando por causa do investimento em um sistema de anticolisão são exemplos práticos e reais da importância desse investimento.

A provedora de plataforma de open logistic NSTECH, em pesquisa recente, constatou que a dificuldade de digitalização (50%) e integração das atividades ao longo da cadeia (48%) são os principais gargalos que a automação portuária necessita sanar. A automação pode ajudar a cadeia desde a fabricação, estocagem, movimentação e a entrega do produto ao cliente final. Em cada etapa é possível implantar um sistema automático que proporcione maior controle na produção, estocagem mais eficiente, logística mais integrada e uma entrega mais rápida”, explica Lima.

De acordo com o Anuário Estatístico Portuário da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), em 2022, o setor portuário brasileiro movimentou 1,209 bilhão de toneladas. O volume de carga transportada alerta também para a preocupação com acidentes envolvendo contêineres. Muitos acidentes dentro destas áreas poderiam ser evitados através da automação do processo, e não necessariamente excluindo a mão de obra. Uma movimentação de containers, por exemplo, em vez de deixar nas mãos do operador a decisão de colisão ou não bater, pode ser evitada através de sensores que auxiliam na manobra e evitam batidas”, completa o especialista.