sexta-feira, 29 de novembro de 2024 | 19:39:03

De acordo com o artigo “Brazil’s monthly wine drinking population doubles since 2010”, publicado pela consultora Wine Intelligence, no Brasil, há mais do que o dobro de consumidores de vinho do que havia em 2010, com o acréscimo de consumo mensal de cerca de 36%. Seguindo nesse mesmo panorama, o estudo divulgado pela plataforma CupomValido, que reuniu dados do Statista, Euromonitor e Nielsen, constatou que o aumento do consumo de vinho foi notável durante a pandemia em 2020, no qual registrou o consumo médio de 2,78 litros per capita, o que representa um aumento de mais de 30% em comparação a 2019. Já o mercado de vinhos finos nacionais demonstrou o crescimento de 8%, no período de 2019 a 2021.

Conforme os dados apresentados na reunião da Câmara Setorial da Uva, em 2022, a manufaturação de vinhos de mesa aumentou 11,6% em relação ao ano passado. O aumento do consumo de vinho refletiu positivamente na produção nacional, fomentando a prática da viticultura. Para abastecer o crescente número de consumidores, há disponíveis no mercado tanto rótulos importados quanto nacionais, que são provenientes de diferentes regiões vinícolas, sendo a Serra Gaúcha, no Rio Grande do Sul, a mais conhecida e maior produtora de vinhos do país. Outras regiões incluem o Vale do São Francisco, em Pernambuco e Bahia, e a região do Planalto Central, em Goiás e Minas Gerais.

“Os vinhos brasileiros têm melhorado significativamente em qualidade, graças a investimentos em pesquisa, tecnologia e inovação. Os produtores estão focados na produção de vinhos finos de alta qualidade, explorando variedades de uvas que se adaptam bem às condições locais”, afirma Danilo Bianculli, sócio-fundador da Elite Vinho, empresa especializada na importação e distribuição de vinhos finos.

Produção nacional de vinhos

A produção de vinhos é um processo complexo que envolve muitos fatores, desde a seleção das uvas até o armazenamento do vinho. O fluxo começa com o cultivo de uvas na vinícola, propriedade dedicada à produção. As vinícolas podem ser familiares, operadas por pequenas empresas ou grandes conglomerados. Também são responsáveis por preservar as tradições locais e promover o turismo nas regiões. 

Nas vinícolas é possível criar variedades únicas de vinhos, usando técnicas específicas para produzi-los. De acordo com Danilo, algumas usam processos de envelhecimento para criar vinhos mais doces. Outras usam técnicas específicas para criar vinhos mais robustos. Muitas regiões populares pela viticultura têm vinícolas antigas que datam de séculos atrás. Os vinhedos da Itália, França, Espanha, Portugal e Alemanha são conhecidos mundialmente por sua distinta produção de vinho.

O vinho é produzido de forma diferente em cada região, no qual o clima e o solo desempenham papéis fundamentais na produção, pois afetam diretamente o crescimento e a maturação das uvas, além de influenciar a qualidade e o estilo dos vinhos produzidos. Essa interação entre clima, solo e uva é conhecida como “terroir”, um termo francês que engloba as características específicas de uma região que influenciam a viticultura e o vinho resultante.

“Essas regiões produzem uma ampla variedade de vinhos. A diversidade de terroirs, técnicas de vinificação e variedades de uvas nessas áreas contribuem para a riqueza e a complexidade do mundo vinícola”, explica Danilo.

Cada variedade de uva tem suas próprias preferências climáticas e de solo. Danilo explica que a relação entre o tipo de uva e os fatores climáticos e do solo é essencial para determinar o estilo e a qualidade do vinho. “A combinação certa de condições pode realçar as características únicas da uva. Um enólogo experiente levará em consideração o terroir ao escolher a variedade de uva a ser cultivada em uma determinada região” explica Danilo.

Por exemplo, a uva Pinot Noir prefere climas mais frescos e úmidos, como o da Borgonha, na França; enquanto a Cabernet Sauvignon se desenvolve melhor em climas mais quentes e secos, como o de Napa Valley, na Califórnia. Além disso, a Syrah prospera em solos rochosos e bem drenados, como os encontrados no Vale do Rhône, na França; enquanto a Riesling prefere solos de ardósia, como os encontrados na região de Mosel, na Alemanha. 

Potencial brasileiro

A indústria do vinho enfrenta desafios e oportunidades em um mercado global em constante evolução. O sócio-fundador da Elite Vinho acredita no potencial das vinícolas brasileiras e elenca os fatores que podem impulsionar a viticultura e o mercado nacional:  

  1. Melhoria da qualidade: a crescente qualidade dos vinhos brasileiros é um fator chave para o sucesso no mercado internacional. Investimentos em pesquisa e desenvolvimento, bem como a adoção de técnicas modernas de vinificação, têm contribuído para a produção de vinhos de maior qualidade.
  2. Diversidade de terroirs: o Brasil possui variedade de terroirs, que permitem a produção de diferentes estilos de vinhos. Essa diversidade pode ser um atrativo para consumidores que buscam novas experiências e sabores.
  3. Fortalecimento da identidade dos vinhos brasileiros: à medida que os produtores brasileiros exploram e desenvolvem as características únicas dos terroir, os vinhos brasileiros podem adquirir uma identidade mais distinta e autêntica, o que pode atrair consumidores e críticos no mercado internacional.
  4. Promoção e marketing: o setor vitivinícola brasileiro tem investido em promoção e marketing para aumentar a visibilidade dos vinhos brasileiros no exterior. Campanhas de promoção e eventos internacionais, como feiras de vinho e degustações, são fundamentais para apresentar os vinhos brasileiros a consumidores e profissionais do setor ao redor do mundo.

A adaptação às mudanças climáticas, a busca pela sustentabilidade, com vinhos orgânicos, biodinâmicos, veganos e naturais, o enoturismo, e a inovação tecnológica são áreas de interesse e crescimento para o setor, que pode estimular a prosperidade das regiões vinícolas em todo o mundo, incluindo o Brasil. 

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