quarta-feira, 27 de novembro de 2024 | 23:34:11

Cada vez, mais termos como “diversidade” e “inclusão” ganham espaço nos debates sociais a fim de garantir os direitos de minorias como PcDs (Pessoas com Deficiência) e membros da comunidade LGBTQIA+ (acrônimo para lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e queer), além de indígenas e negros, tanto no Brasil, como no mundo.

No final de 2022, o Brasil enviou representantes dos setores público, privado e também da sociedade civil para o encontro “Diversidade, Igualdade e Inclusão: Movimentos de Direitos Humanos para Alcançar a Ambição 2030” que ocorreu em Genebra, na Suíça.

A delegação que representa o Pacto Global da ONU (Organização das Nações Unidas) no Brasil, ação de sustentabilidade corporativa, marcou presença na sede da organização, onde apresentou pautas como equidade salarial e a inclusão de transexuais, pessoas indígenas e negras no ambiente corporativo.

Segundo um estudo desenvolvido pela organização Mais Diversidade, divulgado pela CNN, mais da metade (54%) da população LGBTQIA+ se sente insegura para falar sobre sua orientação sexual e identidade de gênero no trabalho. 

De acordo com o relatório “Pessoas com deficiência e as desigualdades sociais no Brasil”, divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a cada dez PcDs, sete estavam fora do mercado de trabalho. Aliás, a pesquisa revelou que os profissionais com deficiência recebem R$ 1.639 mensais, enquanto os demais trabalhadores recebem, em média, R$ 2.619.

Paralelamente, dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do IBGE, compilados pela pesquisadora do FGV Ibre, Janaína Feijó, demonstram que a inserção dos indígenas no mercado de trabalho é um dos principais desafios do MPI (Ministra dos Povos Indígenas).

Segundo os indicativos, a cada dez indígenas, somente seis conseguem ofertar sua mão de obra. A taxa de participação da população indígena no mercado de trabalho foi de 59,7% no terceiro trimestre de 2022. Enquanto isso, o percentual de brancos e amarelos era de 63,2% e o de pretos e pardos, 62,3%. Já a taxa de desemprego entre os indígenas foi 9,9% das pessoas desse grupo étnico que procuravam emprego no período analisado, acima do percentual de brancos (6,8%), e de pretos e pardos (10,2%), como mostra uma publicação do jornal O Globo.

“Com a ascensão econômica e social, grupos politicamente minorizados começaram a cobrar seus devidos lugares em diferentes nichos de negócios”, observa Nilton Serson, que é advogado com cursos de especialização em negociação e mercado de capitais em Harvard, ex-professor da USP (Universidade de São Paulo) e Mackenzie em Direito Comercial e Societário, além de ativista das causas LGBTQIA+.

“Além disso, os consumidores também começam a enxergar a necessidade de cobrar de suas marcas favoritas uma inclusão que vá além do marketing social”, complementa.

Afinal, o que é preciso para garantir a diversidade no ambiente corporativo? Segundo Serson, diversas ações de inclusão podem ser feitas para aumentar a diversidade nas empresas. Ele explica cada uma delas nos tópicos a seguir:

Liderança pelo exemplo

“Os líderes precisam assumir uma posição de destaque, incorporar a diversidade e a inclusão no propósito da organização. Além do mais, é preciso exemplificar a cultura e trabalhar sua autoconsciência, reconhecendo os seus próprios vieses e preconceitos para atuar neles de forma efetiva e assumir uma postura proativa em direção às metas”, diz ele.

Estratégia de negócios

Nas palavras do advogado, diversidade é muito mais do que uma “questão de RH”. Deve ser um ingrediente central na concepção e execução da estratégia de negócios e incorporada nas atividades da organização no dia a dia.

 Ruptura de vieses

Serson defende que as organizações devem se concentrar em extinguir o preconceito enviesado nos processos de tomada de decisão. “Para isso, é necessária uma investigação completa das políticas e processos para entender quais limitam a empresa”.

A liderança deve ser treinada

Para concluir, o ativista das causas LGBTQIA+ afirma que o treinamento de diversidade e inclusão é mais eficaz quando faz parte de uma abordagem estratégica de toda a empresa. “Isso inclui tanto a conscientização quanto o desenvolvimento de habilidades – fator que deve ser acompanhado ao longo do tempo”, explica.

Atento a este fator, o Senado Federal lançou em 2022 o “Manual Inclusão e Diversidade LGBTQIA+”. De acordo com a Agência Senado, o objetivo é esclarecer dúvidas sobre gênero, orientação sexual, direitos conquistados e a maneira correta de se portar com os membros desta comunidade de forma respeitosa. O manual pode ser acessado de forma gratuita pela Biblioteca Digital do Senado Federal.

Para mais informações, basta acessar: https://niltonserson.com/ Nilton Serson – YouTube