Queda da Selic deve acelerar setor produtivo em 2024
Queda da Selic deve acelerar setor produtivo em 2024Portal Remador

Depois de um ano estacionada em 13,75%, a Selic finalmente iniciou o ciclo de reduções, caindo 0,5 p.p. para 13,25%. Foi a primeira baixa em três anos. A queda na taxa básica de juros anunciada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central era esperada, embora a magnitude tenha surpreendido parte do mercado.

No comunicado, a autoridade monetária indicou ainda que, mantidas as condições atuais, a Selic deverá continuar caindo 0,5% p.p. nas próximas reuniões até o final do ano. Os críticos da condução da política monetária, inclusive, vinham ressaltando que a taxa oficial de inflação (o IPCA) vem caindo e está dentro da meta, considerado o período de doze meses, além de haver deflação nos preços no atacado. Por isso, as condições para afrouxar a Selic já estavam postas.

“A redução da taxa básica de juros é uma ótima notícia, já não era sem tempo. No entanto, os efeitos da queda da Selic na atividade econômica só serão sentidos a partir de 2024 porque o impacto é defasado”, diz José Maurício Caldeira, sócio acionista da Asperbras, grupo que atua em diversos setores da indústria e do agronegócio.

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Impacto maior no setor produtivo

Segundo José Maurício Caldeira, o setor produtivo sente muito a política monetária apertada, sobretudo a indústria. Embora os juros no Brasil sejam estruturalmente altos, especialistas estimam que o impacto no segmento industrial é até 50% maior do que em outros setores da economia. Isso porque a indústria não tem instrumentos específicos de financiamento que podem aliviar o aperto monetário, como Debêntures Incentivadas, CRIs, CRAs, LCAs, LCIs ou uma espécie de Plano Safra.

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Diante disso, argumenta Caldeira, os efeitos negativos da Selic elevada na indústria já estão dados em 2023 e dificilmente haverá uma reversão significativa. Os últimos números do setor espelham esta realidade. Em junho, a produção industrial teve um tímido avanço de 0,1% na comparação com o mês anterior. Ainda assim, acumula queda de 0,3% neste ano e está 1,4% abaixo do patamar pré-pandemia. A expectativa do mercado é de uma queda de 0,5% no indicador em 2023.

Os setores mais sensíveis à crédito, como o de bens duráveis e bens de capital, são os que mais sentem os juros altos. Ao analisar a produção industrial de junho das grandes categorias econômicas, isso fica nítido. A única variação positiva foi registrada em bens de consumo semi e não duráveis (+0,9%), ao passo que a principal variação negativa ocorreu em bens de consumo duráveis (-4,6%), seguido por bens de capital (-1,2%) e bens intermediários (-0,3%).

Crédito mais barato

Ao longo do primeiro semestre, a indústria geral (inclui indústria de transformação, extrativa, construção, e eletricidade e água) teve três meses de produção positiva e três de negativa. A indústria de transformação, que é a manufatura de fato, teve apenas uma variação positiva nesses primeiros seis meses do ano.

A redução da Selic estimula a economia porque, como é a de taxa referência, deixará o crédito mais barato. “Empréstimos e financiamentos ficarão mais acessíveis, impulsionando o consumo das pessoas. Além disso, também melhora o ambiente para as empresas realizarem investimentos o que, por tabela, pode aquecer o mercado de trabalho, aumentando a renda das famílias que passam a ter mais condições de consumir”, avalia José Maurício Caldeira.

O próprio governo se beneficia dos juros mais baixos. Cada 0,5 p.p. a menos na Selic implica uma economia de cerca R$ 20 bilhões por ano com o pagamento de juros da dívida. Se nas próximas três reuniões do Copom a Selic for reduzida em 0,5 p.p., como o Banco Central indicou, haverá uma economia de cerca de R$ 80 bilhões em doze meses. Isso ajuda o governo a manter a situação fiscal sob controle.

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Agora, a previsão do mercado, expressa no Boletim Focus , é que a Selic encerre o ano em 11,75%. Ainda é um patamar muito alto, por isso as taxas elevadas devem continuar a impactando negativamente a atividade econômica nos próximos meses. “É preciso melhorar as condições macroeconômicas, com juros mais baixos, situação fiscal controlada e conclusão da reforma tributária para impulsionar a economia de forma sustentada”, finaliza José Maurício Caldeira.

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